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Arquitetos: EeG arquitectos
- Área: 498 m²
- Ano: 2019
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Fotografias :Hector Santos Diez
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Fabricantes: GALA, HASSLACHER NORICA TIMBER, JUNG, Thermowood, Verea
Descrição enviada pela equipe de projeto. A intervenção centra-se na reabilitação de uma propriedade rural do século XVIII e seus arredores para transformá-la em uma hospedaria ligada ao Caminho de Santiago na sua variante norte, situada na periferia do núcleo tradicional de Madelos no Sobrado dos Monxes e na fronteira com a Câmara Municipal de Boimorto. O volume sofreu diferentes ampliações ao longo do tempo, até à década de 1970, altura em que foi abandonado devido ao seu mau estado. Durante este período, a estrutura de madeira deteriora-se e parte das paredes de Lousa desabam. O processo de abandono, como em muitas zonas rurais devido ao êxodo para a cidade, provoca a transformação da paisagem. Assim, as mudanças sociais e culturais formalizam o entorno.
Reconectar a edificação com o ambiente, recuperar o acesso pelo norte como continuação do caminho. O volume como uma transição, através de um amplo espaço no térreo, em direção à clareira na floresta. Tudo o que pode ser preservado do volume tradicional é mantido e aqueles elementos adicionados para funcionalidade, como os quartos no térreo ou o aumento de altura, são considerados discretamente. A reabilitação atinge áreas com necessidade de altura e abre o volume a sudeste, em resultado da falta das paredes. De forma a gerar esse olhar recíproco através da estrutura, transparência e materiais tradicionais são apoiados nas paredes recuperadas. Essas novas formas são utilizadas para gerar sistemas climáticos passivos, por meio de vidros que controlam a temperatura, com uma trepadeira caduca para controle solar, o reservatório de água gerando inércia térmica e ventilação cruzada. No térreo, o percurso é demarcado no pavimento interior em busca da clareira na floresta, atravessando a sala diáfana central, que distribui o programa de necessidades. No primeiro andar, um corredor comum em torno da superfície envidraçada voltada para o terraço distribui os quartos. Buscou-se transparência e sinceridade construtiva, com base no senso comum da arquitetura popular.
O projeto é materializado através de soluções estruturais com portais, lajes, juntas e materiais tradicionais, apoiados na pré-existência recuperada. A intenção foi integrar o volume às novas necessidades do ambiente com o aconchego e a harmonia proporcionados pelos materiais e soluções tradicionais. O mesmo acontece no interior onde também se tenta introduzir a presença e a luz do exterior através das transparências, o que é reforçado em áreas com reflexos nos espelhos. Ao entardecer na grande escuridão, o volume surge como um pequeno farol que reequilibra a sinergia de outrora, entre o ambiente e a construção, formando um conjunto de instantes de uma realidade em mudança.